História de Santa Júlia
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Origens
Santa Júlia nasceu em Cartago, a grande cidade de colonização fenícia no norte da África, no Século V. De família nobre, desde a infância recebeu educação cristã e se tornou uma linda jovem, cheia de fé e sabedoria, preparando-se, talvez, para um bom casamento. Assim, ela viveu uma vida tranquila em Cartago até que Genserico, rei dos vândalos, invadiu a cidade com seu poderoso exército. Os invasores destruíram, saquearam, mataram fiéis cristãos e clérigos e venderam milhares de pessoas como escravos e escravas. Entre elas, Santa Júlia.
Escravidão
De um instante para outro Santa Júlia perdeu amor, família, amigos, prestígio, respeito, liberdade e posses. Passou a viver uma vida cheia de privações e provações terríveis. Nesse momento, porém, quando muitos abriram as portas ao desespero, a educação e a fé de Santa Júlia falaram mais alto. Ela buscou em seu coração a presença de Deus, de Jesus Cristo vivo e isso a confortava. Seu único alento passou a ser a presença de Deus. Mas, que alento pode ser melhor e mais poderoso que este? Assim, mesmo nos mais terríveis sofrimentos, nas caminhadas mais exaustivas, nas humilhações, na fome e na solidão, ela buscava refúgio na doce presença de Deus dentro de si.
Vendida
A história conta que Santa Júlia foi vendida para um negociante sírio chamado Eusébio. Este, era homem de boa índole e sensibilizou-se com o comportamento de Santa Júlia. A fé, a bondade, a serenidade e a sabedoria da jovem diante do sofrimento tocaram o coração de Eusébio. Quando descobriu que toda essa força de vida vinha da fé cristã, ele passou a ter grande respeito por ela e passou a protege-la de toda forma de agressão. Além disso, Eusébio autorizou que ela parasse por algumas horas durante o dia para leituras espirituais e oração.
Coragem
Certa vez, Eusébio teve que fazer uma grande viagem à Europa e levou vários escravos. Entre eles estava santa Júlia. Chegaram à ilha da Córsega, na França. Era época de grandes festas pagãs na região. Eusébio e todos os que o acompanhavam foram até um templo pagão local para prestar homenagens aos deuses, como era o costume. Júlia, porém, recusou-se, dizendo não adorar a nenhum outro deus, a não ser o Deus Verdadeiro. Por isso, ela ficou de joelhos à porta do templo e pediu que Deus revelasse a todos os pagãos presentes ali a Palavra de Jesus, único caminho da verdade.
Raptada pelo governador
A atitude de Santa Júlia chamou a atenção do povo da Córsega e a notícia chegou a Félix, o governador romano local. Félix convidou Eusébio e Júlia para um banquete em seu palácio. Ao ver a beleza de Júlia e constatar sua sabedoria, quis compra-la por um preço altíssimo. Como Eusébio recusasse, propôs trocá-la por quatro escravas entre as mais lindas do palácio. Eusébio, porém, usando de cordialidade, recusou a oferta, alegando que Júlia não estava à venda. Vendo que não conseguiria nada com conversas, Félix, apaixonado por Júlia, embebedou Eusébio, envolveu-o com várias mulheres sedutoras e levou Santa Júlia à força, aproveitando um momento em que Eusébio dormia.
Fé provada ao extremo
Félix ofereceu a liberdade a Júlia, desde que ela fizesse sacrifícios aos deuses romanos e se tornasse sua amante. Santa Júlia, porém, recusou, manteve-se firme e não se rendeu a Félix. Félix, irado, espancou-a até o sangue. Em seguida, ordenou que ela fosse flagelada, isto é, chicoteada por um tipo de chicote dilacerador usado pelos romanos (do mesmo tipo do que foi usado contra Jesus). Depois, ordenou que ela fosse crucificada como seu Mestre e jogada ao mar. Quando Eusébio voltou a si e tomou conhecimento dos fatos, já era tarde demais. Ele chorou amargamente.
Restos mortais e culto
O corpo de Santa Júlia foi achado por monges do convento da ilha de Gorgona. O corpo ainda estava pregado à cruz, boiando no mar. Os monges o transportaram para o convento, retiram-no da cruz, ungiram-no conforme o costume cristão, rezaram e o sepultaram. O túmulo de Santa Júlia passou a ser local de peregrinação e fé. O culto a ela se espalhou, chegando até à Itália. Em 762 seu corpo foi trasladado para Brescia, Itália, onde a veneração a ela cresceu ainda mais. Mais tarde, uma igreja foi consagrada a ela na cidade de Brescia pelo Papa Paulo I. Ela passou a ser celebrada no dia 22 de maio como Mártir da Córsega e se tornou padroeira desta ilha francesa.
Amor a Deus
Santa Júlia aceitou todo aquele sofrimento como uma maneira de demonstrar ao Senhor Deus todo o seu amor. O sangue dos mártires é semente de novos cristãos. Assim aconteceu com Santa Júlia. Por causa de seu exemplo, aceitando morrer como seu Mestre, entregando sua vida a Deus com amor, um grande número de pessoas se converteu à fé cristã.
Oração a Santa Júlia
“Ó Deus, que destes a Santa Júlia a graça de superar os mais duros obstáculos para preservar sua fé em Jesus Cristo, dai-nos também a graça da perseverança até o fim. Que, por intercessão de Santa Júlia, tenhamos a mesma força diante dos obstáculos da vida e que possamos superá-los com coragem e doçura, pela força do Espírito Santo. Santa Júlia, rogai por nós. Amém.”